Salve
pessoas, estou postando a parte 2 de Kramer,
algumas pessoas pediram e eu me achei na obrigação de fazer mais uma
postagens para meus fãns ^^, brincadeira, boa leitura...
Sentei-me pesadamente em minha poltrona velha
que peguei em pagamento de uma viúva que há alguns anos tinha me contratado,
ainda havia o cheiro da velha naquela mobilha, por que os casos que me aparecem
a maioria das pessoas nunca tem dinheiro em espécie para me pagar? Abri
primeiramente o envelope ocre e saquei da carta que dizia:
Caro Sr. Ilmo Kramer, Andrey.
Venho por meio desta, destacar nosso pesar
pela noticia de que infelizmente por motivo de não quitação de suas pendencias
com o proprietário do imóvel, o mesmo será restituído ao dono e iniciado o
procedimento de remoção de seus objetos pessoais tal como o de sua pessoa em 15
dias a partir da data desta carta, pedimos ao a sua senhoria que compareça ao
endereço do remetente com máxima urgência para a quitação de suas pendencias ou
para acertar os termos de remoção.
Sem mais para o momento.
Ah eu adorava aquele lugar, tudo era tão lúgubre mas ao mesmo tempo tão
alegre, eu me sentia em outra época, até mesmo a Imobiliaria ainda usava
cartõezinhos para o cadastro de seus clientes, o dono éra um homem de avançada
idade, a imobiliária parecia parada no tempo, usando enormes pastas, ficheiros
e cartões para seus cadastros e registros, tudo bem caseiro, bem simples, bem
antiquado, eu adorava, e agora o golpe fatal também vem a moda antiga, um
papa-defuntos plantado na minha porta me entregando a sentença de morte, não
tenho para onde ir, minhas irmãs a muitos anos a febre levou, tenho um sobrinho
que eu nunca vi, só se eu matasse o desgraçado e guardasse o corpo em algum
canto da casa,,, que pensamento mais sem sentido este meu, tenho 42 anos e não
tenho nem onde morar pensei, enfim o fim da estrada tinha chegado e eu nem
mesmo tinha as mãos enrugadas. Abri o bilhetinho que estava em minha porta,
nele havia apenas um numero de telefone e uma pequena mensagem; -Tenho um
trabalho importante para você! Lia-se no papel; Apenas uma letra marcava o
autor do bilhete, a letra T.
Já eram seis e meia da tarde e eu encarava o
telefone, -Não vou ligar, pensei. –Com certeza deve ser mais algum traído
querendo que eu vá espionar a esposa e me pagará com laticínios ou mesmo com
alguma fazenda de tecidos, preciso de dinheiro, amanha esse telefone vai
emudecer para sempre se eu não pagar as duas contas atrasadas, que diferença
isso fará para mim? Dialoguei sozinho com a luz da lâmpada do banheiro
inundando fracamente o resto do escritório escuro.
Sete e vinte marcava o relógio empoeirado na parede de gesso encardida,
não me contive, depositei o velho aparelho azul claro sobre meu colo e
levantando o fone corri meus dedos pelo disco perfurado do discador antiquado
do telefone girando-o nos números correspondentes aos do bilhetinho
amassado. Do outro lado da linha ouvi o
som característico do levantar do pesado fone, som esse que você querido leitor
nunca ouvirá pois com esses hediondos aparelhos celulares o antiquado e galante
telefone de mesa foi descartado, alguns ruídos ouvi como que o fio resvalasse
no fone antes de o interlocutor tomasse partido no dialogo.
-Alo, quem fala? Era uma voz masculina bem
firme.
-Boa noite, aqui quem fala é Kramer, você
deixou um bilhete na minha porta hoje a tarde, ainda precisa que eu faça o
trabalho? Perguntei alegremente com a esperança da pessoa dizer sim e já me
adiantar algum para minhas contas.
-Senhor Kramer o trabalho que tenho deve ser
feito de forma discreta e sem nenhuma participação de terceiros, eu preciso de
sigilo, profissionalismo e rapidez, o senhor pode me garantir isso? A voz do
outro lado parecia calma como alguém que toma um conhaque sentado no sofá apreciando
alguma leitura.
-O senhor escolheu a pessoa certa, me diga que
tipo de trabalho o senhor esta precisando?
-Trata-se de uma minuciosa investigação
particular, a policia já esta lidando com o caso mas quero alguém de fora
nisso, pois temo que os policiais estejam envolvidos ou de certa forma estejam
sendo coagidos financeiramente a não levarem o caso adiante. Uma pausa
acentuada em sua conversa o fez tomar folego e a mim também, era algo grande já
que teria que trabalhar na contra-mão do departamento, nem acesso aos seus
registros eu poderia ter, se eu daria conta do serviço eu não sabia.
-Certo, certo, como devo chama-lo senhor T? Me
referindo a como ele assinou o bilhete.
-Não me chame de nada, essa é nossa ultima
conversa que teremos, amanha o senhor terá as informações que eu já tenho e
partira a partir dai em seu caso, me diga seu preço senhor Kramer?! Disse calma
e tranquilamente a voz do outro lado da linha.
-Eu não faço ideia de que tipo de trabalho
seria senhor T, preciso ver com o que terei de lidar. Respondi calmamente mas
quase pulando de alegria, finalmente um trabalho.
-Pois façamos assim, suas dividas estão pagas
senhor Kramer, seu aluguel, agua, luz, telefone e seus “pendurados”, esse é o
adiantamento, veja o caso e me ligue quando achar conveniente, mas ligue-me
somente uma única vez mais.
Ele fez uma breve pausa em seu dialogo e pude
ouvir algum barulho característico ao fundo como de folhas sendo reviradas, que
tipo de trabalho será? No que estou entrando? Qual o montante que posso pedir
para a empreita? Tanta perguntas... tantas dividas; E assim como parou de falar
voltou, ouvi um chicotear de folha de papel bem próximo ao fone, percebi que as
informações seriam passada agora e o Senhor T posicionou a folha bem defronte
aos seus olhos, prendi o folego e peguei um lápis e uma folha velha de
rascunhos na minha escrivaninha e me pus a anotar tudo.
-Senhor Kramer ouça com atenção, a alguns
meses atrás no dia 21 de março de 1998 a policia local atendeu a uma chamada
anônima curta de um homem que dizia ter cometido um crime, ele deu o endereço
da cena do crime, o numero de vitimas e a arma usada e como de costume a
central designou uma viatura para averiguar, ao chegar a residência os
policiais se depararam com uma cena de filme de terror, um casal de meia-idade
morto em sua casa por volta das 3 da madrugada, este casal foi brutalmente
assassinado a golpes de machado o qual ainda estava na cena, também foi
encontrado uma flor no interior da boca de cada cadáver. –Isso mesmo senhor
Kramer uma flor, uma Camélia como esta descrito nos altos, tenho em pormenores
todo o caso mas creio que não tem importância pois o que procuramos não é uma
mero assassino... -O senhor ainda esta ai senhor Kramer?
Respondi com a concentração voltada para os
detalhes passados com um simples ruído: -Humrumm! –Como o som que sai da
garganta quando queremos afirmar ou consentir sem pronunciar as palavras e voltei
a ouvir e a anotar tudo.
-Pois bem, não havia símbolos, não havia
evidencia, nem de arrombamento, nem de vestígios do assassino, nada, ele entrou
e saio sem ser visto ou ouvido, o corte mais profundo no corpo da mulher foi
nas costas o que indica que ela estava tentando correr e o do homem foi acima
da clavibula, tão profundo que partiu a clavícula e uma costela também
danificando significativamente o omoplata, isso mostra uma força assustadora
dando já um esboço de um homem bem avantajado como sendo o criminoso.
-Desculpe a curiosidade senhor T mas eu já
conheço esse caso e ele foi arquivado quando a policia abateu o acusado no dia
em que foram prende-lo, lembro-me até a menção de que o acusado disparou três
tiros contra uma viatura antes de ser atingido e morto então qual o sentido
dessa investigação exatamente?
Nos vemos no proximo post!
No comments:
Post a Comment