Sunday, March 11, 2012

Kramer part II

  
Salve pessoas, estou postando a parte 2 de Kramer, algumas pessoas pediram e eu me achei na obrigação de fazer mais uma postagens para meus fãns ^^, brincadeira, boa leitura...

Sentei-me pesadamente em minha poltrona velha que peguei em pagamento de uma viúva que há alguns anos tinha me contratado, ainda havia o cheiro da velha naquela mobilha, por que os casos que me aparecem a maioria das pessoas nunca tem dinheiro em espécie para me pagar? Abri primeiramente o envelope ocre e saquei da carta que dizia:

 Caro Sr. Ilmo Kramer, Andrey.
 Venho por meio desta, destacar nosso pesar pela noticia de que infelizmente por motivo de não quitação de suas pendencias com o proprietário do imóvel, o mesmo será restituído ao dono e iniciado o procedimento de remoção de seus objetos pessoais tal como o de sua pessoa em 15 dias a partir da data desta carta, pedimos ao a sua senhoria que compareça ao endereço do remetente com máxima urgência para a quitação de suas pendencias ou para acertar os termos de remoção.

Sem mais para o momento.

  Ah eu adorava aquele lugar, tudo era tão lúgubre mas ao mesmo tempo tão alegre, eu me sentia em outra época, até mesmo a Imobiliaria ainda usava cartõezinhos para o cadastro de seus clientes, o dono éra um homem de avançada idade, a imobiliária parecia parada no tempo, usando enormes pastas, ficheiros e cartões para seus cadastros e registros, tudo bem caseiro, bem simples, bem antiquado, eu adorava, e agora o golpe fatal também vem a moda antiga, um papa-defuntos plantado na minha porta me entregando a sentença de morte, não tenho para onde ir, minhas irmãs a muitos anos a febre levou, tenho um sobrinho que eu nunca vi, só se eu matasse o desgraçado e guardasse o corpo em algum canto da casa,,, que pensamento mais sem sentido este meu, tenho 42 anos e não tenho nem onde morar pensei, enfim o fim da estrada tinha chegado e eu nem mesmo tinha as mãos enrugadas. Abri o bilhetinho que estava em minha porta, nele havia apenas um numero de telefone e uma pequena mensagem; -Tenho um trabalho importante para você! Lia-se no papel; Apenas uma letra marcava o autor do bilhete, a letra T.
 Já eram seis e meia da tarde e eu encarava o telefone, -Não vou ligar, pensei. –Com certeza deve ser mais algum traído querendo que eu vá espionar a esposa e me pagará com laticínios ou mesmo com alguma fazenda de tecidos, preciso de dinheiro, amanha esse telefone vai emudecer para sempre se eu não pagar as duas contas atrasadas, que diferença isso fará para mim? Dialoguei sozinho com a luz da lâmpada do banheiro inundando fracamente o resto do escritório escuro.
  Sete e vinte marcava o relógio empoeirado na parede de gesso encardida, não me contive, depositei o velho aparelho azul claro sobre meu colo e levantando o fone corri meus dedos pelo disco perfurado do discador antiquado do telefone girando-o nos números correspondentes aos do bilhetinho amassado.  Do outro lado da linha ouvi o som característico do levantar do pesado fone, som esse que você querido leitor nunca ouvirá pois com esses hediondos aparelhos celulares o antiquado e galante telefone de mesa foi descartado, alguns ruídos ouvi como que o fio resvalasse no fone antes de o interlocutor tomasse partido no dialogo.
 -Alo, quem fala? Era uma voz masculina bem firme.
 -Boa noite, aqui quem fala é Kramer, você deixou um bilhete na minha porta hoje a tarde, ainda precisa que eu faça o trabalho? Perguntei alegremente com a esperança da pessoa dizer sim e já me adiantar algum para minhas contas.
 -Senhor Kramer o trabalho que tenho deve ser feito de forma discreta e sem nenhuma participação de terceiros, eu preciso de sigilo, profissionalismo e rapidez, o senhor pode me garantir isso? A voz do outro lado parecia calma como alguém que toma um conhaque sentado no sofá apreciando alguma leitura.
 -O senhor escolheu a pessoa certa, me diga que tipo de trabalho o senhor esta precisando?
 -Trata-se de uma minuciosa investigação particular, a policia já esta lidando com o caso mas quero alguém de fora nisso, pois temo que os policiais estejam envolvidos ou de certa forma estejam sendo coagidos financeiramente a não levarem o caso adiante. Uma pausa acentuada em sua conversa o fez tomar folego e a mim também, era algo grande já que teria que trabalhar na contra-mão do departamento, nem acesso aos seus registros eu poderia ter, se eu daria conta do serviço eu não sabia.
 -Certo, certo, como devo chama-lo senhor T? Me referindo a como ele assinou o bilhete.
 -Não me chame de nada, essa é nossa ultima conversa que teremos, amanha o senhor terá as informações que eu já tenho e partira a partir dai em seu caso, me diga seu preço senhor Kramer?! Disse calma e tranquilamente a voz do outro lado da linha.
 -Eu não faço ideia de que tipo de trabalho seria senhor T, preciso ver com o que terei de lidar. Respondi calmamente mas quase pulando de alegria, finalmente um trabalho.
 -Pois façamos assim, suas dividas estão pagas senhor Kramer, seu aluguel, agua, luz, telefone e seus “pendurados”, esse é o adiantamento, veja o caso e me ligue quando achar conveniente, mas ligue-me somente uma única vez mais.
 Ele fez uma breve pausa em seu dialogo e pude ouvir algum barulho característico ao fundo como de folhas sendo reviradas, que tipo de trabalho será? No que estou entrando? Qual o montante que posso pedir para a empreita? Tanta perguntas... tantas dividas; E assim como parou de falar voltou, ouvi um chicotear de folha de papel bem próximo ao fone, percebi que as informações seriam passada agora e o Senhor T posicionou a folha bem defronte aos seus olhos, prendi o folego e peguei um lápis e uma folha velha de rascunhos na minha escrivaninha e me pus a anotar tudo.
 -Senhor Kramer ouça com atenção, a alguns meses atrás no dia 21 de março de 1998 a policia local atendeu a uma chamada anônima curta de um homem que dizia ter cometido um crime, ele deu o endereço da cena do crime, o numero de vitimas e a arma usada e como de costume a central designou uma viatura para averiguar, ao chegar a residência os policiais se depararam com uma cena de filme de terror, um casal de meia-idade morto em sua casa por volta das 3 da madrugada, este casal foi brutalmente assassinado a golpes de machado o qual ainda estava na cena, também foi encontrado uma flor no interior da boca de cada cadáver. –Isso mesmo senhor Kramer uma flor, uma Camélia como esta descrito nos altos, tenho em pormenores todo o caso mas creio que não tem importância pois o que procuramos não é uma mero assassino... -O senhor ainda esta ai senhor Kramer?
 Respondi com a concentração voltada para os detalhes passados com um simples ruído: -Humrumm! –Como o som que sai da garganta quando queremos afirmar ou consentir sem pronunciar as palavras e voltei a ouvir e a anotar tudo.
 -Pois bem, não havia símbolos, não havia evidencia, nem de arrombamento, nem de vestígios do assassino, nada, ele entrou e saio sem ser visto ou ouvido, o corte mais profundo no corpo da mulher foi nas costas o que indica que ela estava tentando correr e o do homem foi acima da clavibula, tão profundo que partiu a clavícula e uma costela também danificando significativamente o omoplata, isso mostra uma força assustadora dando já um esboço de um homem bem avantajado como sendo o criminoso.
 -Desculpe a curiosidade senhor T mas eu já conheço esse caso e ele foi arquivado quando a policia abateu o acusado no dia em que foram prende-lo, lembro-me até a menção de que o acusado disparou três tiros contra uma viatura antes de ser atingido e morto então qual o sentido dessa investigação exatamente?
Nos vemos no proximo post!

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