SOLTA A VINHETA D'J!!!!
(um dia ainda terei uma vinheta)
No ultimo post...
...três tiros contra uma viatura antes de
ser atingido e morto então qual o sentido dessa investigação exatamente?
-Não me interrompa novamente senhor Kramer! “
-Desarmou-me com uma simples frase.”
-Como
estava dizendo... Em 21 de Junho outro
crime aconteceu, novamente o criminoso ligou para a delegacia e delatou
seu
crime, em uma cidade próxima, mais um casal assassinado, com os
mesmos requintes de crueldade, desta fez um casal idoso, o que se
diferenciou foi o recado do assassino, o casal foi encontrado dentro de
sua
banheira cobertos por dezenas de quilos de gelo triturado, e em suas
bocas
havia para nossa surpresa uma flor, uma Azaleia em cada vitima, pegaram o
homem
errado, o assassino ainda esta vivo, e esta a solta... novamente a voz
se cala
e é substituída pelo esfarfalhar de folhas de papel ao fundo.
-Retomando. Disse a voz novamente sem muito
rodeio.
-Em 23 de setembro
mais um crime se destacou, desta vez em um bairro proximo, e mais uma vez o
assassino assinou seu crime, não fosse pelo modo do assassinato não saberiamos
que era o mesmo homem ja que as marcas pessoais são divergentes em varios
aspectos, os falecidos eram dois jovens na flor da idaide, foram
presenteados por com margaridas brancas depositadas em suas bocas e os corpos
deixados no jardim dos fundos, as duas cenas anteriores os corpos foram
encontrados dentro da casa, por que ele arrastou suas vitimas para o jardim?
Nosso homem parece ter requintado seus fetiches.
Ele não me forneceu muito, não narrou-me os
endereços, o cenário, nada, isso era perturbador, eu teria que esperar o
material das investigações chegarem como o Sr. T havia me prometido, essa
espera é que não me agradava mas não tinha escolha, comecei a ficar empolgado
em estar trabalhando novamente, em fazer o que gostava e já não me importava
tanto com os honorários... o que normalmente é um erro que cometo sempre!
A voz do outro lado pigarreou, ouvi o som
gutural de uma garganta já surrada pela doença, catarro sim, possivelmente um
homem já de alguma idade mas sua voz ainda era firme, poderia ser um resfriado
pesado mas ainda arrisco até hoje uma doença da idade.
Após alguns segundos em silencio a voz volta
me relatando mais um crime que acontecerá no dia 21 de Dezembro de 1998, dessa
vez o relato foi mais técnico.
-Senhor Kramer, em 21 de dezembro de 1998 um
jovem casal, cada um aparentando entre 28 a 32 anos... “pigarro” Foi encontrado
em seu apartamento, ambos com alto teor alcoolico no sangue, mas não foi isso
que os matou, uma grande doze de veneno foi aplicada, tanta que suas veias
ficaram negras e inchadas, o veneno foi aplicado enquanto dormiam presumo pois
não a marcas de resistência, foi injetado diretamente em sua jugular. O casal
passava férias no litoral e havia reservado o apartamento alguns meses atrás,
recém casados ao que parece. Nosso homem deixou novamente sua assinatura, cada
vitima tinha uma Cosmos em flor em sua boca, isso me intriga, não vejo razão
para as flores, um florista assassino? O que me diz senhor Kramer? –Perguntou a
voz já impaciente do outro lado da linha.
Tinha algo que ainda não havíamos visto, tem
algo faltando, a esse maldito material que não esta aqui, com ele eu teria um
quadro completo e não só o relatório cantado por essa Cacatua velha do outro
lado da linha, onde essas flores se encaixam? Pense Kramer, pense.
Fui subitamente tirado de meus pensamentos
pela voz no fone relatando mais um crime.
- Novamente ele atacou, 21 de março deste ano
Sr. Kramer, e é ai que ele assina seus documentos oficiais como um assassino em
serie, novamente um casal, meia-idade, sem filhos, e ainda aqui em nosso
Estado, exatamente como o primeiro crime, como soubemos que era ele o senhor
deve estar se perguntando nesse momento. – E eu estava. – Novamente uma flor na
boca das vitimas, dessa vez descrita como Jasmim dos Poetas,
eu não consigo entender, pensei que a chave seriam as flores, as datas
aparentemente serão as mesmas mas a flor mudou, tem algum significado nisso Sr.
Kramer, meus detetives e investigadores não encontraram a ligação, preciso que
encontre.
Novamente eu estava vagando em meus
pensamentos, tentando juntar as partes desse quebra-cabeças quando algo
estranho aconteceu, as luzes de meu escritório começaram a piscar, todas
estavam apagadas, somente a do banheiro estava ligada, levantei-me e tentei ir
averiguar porem sabia que se pedisse para o homem do outro lado da linha
aguardar ou retornar a ligação mais tarde eu teria jogado o caso pela janela,
não abri minha boca, vasculhei com os olhos todas as tomadas que pudesse
enxergar de onde eu estava, procurando um curto-circuito ou mesmo um filamento
de fumaça vinda de algum fio velho, não vi nada. As luzes assim como começaram a piscar
pararam, a única que insistia em piscar pausadamente era a do meu abajurzinho
de vidro verde com hastes douradas que usava para leitura de fichários em cima
do arquivo de metal velho e empoeirado onde guardo meus casos e fontes, agora
sabia onde estava o curto e poderia concerta-lo quando esse dialogo terminar.
A voz do outro lado da linha disse:
-Os arquivos dos casos serão mandados ao
senhor amanha, por hora quero que saiba que acredito que o próximo assassinato
será no dia 21 de Junho desse mês, o senhor não tem muito tempo então cancele
seus outros compromissos e concentre-se nisso!
-Sr.
T, desculpe insistir na pergunta mas qual
seu real interesse nesse assassino? (Senti que havia algo de pessoal
entre o
Sr. T e o criminoso, talvez fosse ele mesmo o assassino, por isso me
pediu para
não ter contato algum com a policia, talvez seria eu a próxima vitima).
Estremeci, mas meus pensamentos foram cortados com uma simples frase
ouvida no
telefone. –Isso é assunto meu. –E
desligou...
Senti uma sensação que a muito não sentirá,
senti medo, senti que estava entrando na toca do coelho e EU não era Alice,
talvez o próximo da lista fosse eu, preciso dos arquivos, todas as outras
vitimas eram casais, eu sou sozinho, não... Eu estava ficando maluco pensei,
precisava do meu velho companheiro agora, vasculhei com a mão a terceira gaveta
do lado direito de minha escrivaninha atrás de conforto, e sempre o achava
guardado em sua garrafa retangular, meu bom e velho amigo Jhon, Jhon Walker
Black, meu inseparável whisky 12 anos.
Pensava em diversas hipóteses sentado na minha
velha poltrona e olhando fixamente para o nada, divagava entre cenários,
motivos, paixões, por que tinha tanta curiosidade? Não sabia explicar mas
estava com medo e excitado, servi-me de uma doze generosa do whisky em uma
caneca de louça branca com uma estampa florida que já estava comigo desde que
sai da policia, a roubei do capitão como uma brincadeira e nunca a devolvi, nem
olhei para a caneca, eu divagava em pensamentos...
-O abajur!
Havia me esquecido do curto-circuito,
levantei-me e fui até a porta onde ao lado estava o interruptor, liguei as
luzes e fui até o abajur, sob sua luz piscante estavam alguns arquivos de casos
que naquela hora me davam vergonha, investigações sobre roubos em
supermercados, adultério, coisas estupidas desse gênero, puxei a delicada
correntinha dourada do interruptor para desliga-lo mas não surtiu efeito, puxei
novamente e ainda nada, peguei-o com uma das mãos levantando-o acima de meu
rosto para ver debaixo do vidro verde onde estava a lâmpada... meu sangue
congelou. Balançando como um pendulo estava a tomada na ponta do fio solto do
pequeno abajur, não havia corrente elétrica passando por sua fiação, de supetão
larguei-o e como um gato assustado saltei para tras chocando-me contra minha
geladeira ricocheteando a pobre contra a parede, a guardiã de minhas contas
vencidas soltou-se espalhando papeis por todo o chão, caveirinha safada,
durante meses esteve presa a porta da geladeira e parecia estar com tanto medo
quanto eu, fugindo de sua obrigação para salvar a própria pele... ou ossos.
Não sabia o que fazer, estava apavorado, o que
estava acontecendo? Eu estava confuso e minha mente estava um turbilhão de
pensamentos, pensei nas vitimas do assassino, pensei ter visto um vulto e
depois ouvir um barulho, pensei ter as costas afagada por uma mão invisível sem me
dar conta que era meu suor gelado a escorrer, sai do apartamento como o cão
foge da cruz, desci a escada já mais controlado mas ainda ofegava e só me vinha
a cabeça que precisava de uma tragada, Deus eu já não fumava a anos, mas mesmo
assim me pareceu o melhor a fazer no momento.
Minutos depois no butiquim do meio da quadra
eu já estava mais relaxado, fumei cerca de seis cigarros e já havia pedido a
segunda cerveja, tinha algo de errado comigo, tinha algo de errado com aquele
abajur, tinha algo de errado com todo aquele maldito dia, já era cerca de 8 da
noite e eu não tinha coragem de subir para o escritório, que droga de homem sou
eu por estar tão apavorado você deve estar se perguntando querido leitor. Eu
era um homem que até pouco tempo era Cético e que agora estava borrado com a
possibilidade de defuntos estarem depositando sua confiança de que eu iria
vingar suas mortes ou algo assim, esse era eu naquele momento.
Vi um homem parado a na soleira da minha porta
na calçada, um homem vestido de preto, pensei ser uma aparição já que não o vi
chegando mas minhas duvidas foram sanadas quando meu vizinho do fim do corredor
passou por ele e o cumprimentou, não era um fantasma então, paguei minha conta
e fui ao seu encontro.
Passo-a-passo atravessei a rua, passo-a-passo
fui me aproximando calma e serenamente da figura que mais parecia um Urubu todo
de preto, subi o patamar do meio-fio e saquei meu molho de chaves do bolso
escolhendo a chave da entrada.
-Boa noite! Disse ao homem em minha porta.
No comments:
Post a Comment