Sunday, March 11, 2012

Kramer part III


SOLTA A VINHETA D'J!!!!
 (um dia ainda terei uma vinheta)

No ultimo post...
...três tiros contra uma viatura antes de ser atingido e morto então qual o sentido dessa investigação exatamente?

  -Não me interrompa novamente senhor Kramer! “ -Desarmou-me com uma simples frase.”
 -Como estava dizendo... Em 21 de Junho outro crime aconteceu, novamente o criminoso ligou para a delegacia e delatou seu crime, em uma cidade próxima, mais um casal assassinado, com os mesmos requintes de crueldade, desta fez um casal idoso, o que se diferenciou foi o recado do assassino, o casal foi encontrado dentro de sua banheira cobertos por dezenas de quilos de gelo triturado, e em suas bocas havia para nossa surpresa uma flor, uma Azaleia em cada vitima, pegaram o homem errado, o assassino ainda esta vivo, e esta a solta... novamente a voz se cala e é substituída pelo esfarfalhar de folhas de papel ao fundo.
 -Retomando. Disse a voz novamente sem muito rodeio.
 -Em 23 de setembro mais um crime se destacou, desta vez em um bairro proximo, e mais uma vez o assassino assinou seu crime, não fosse pelo modo do assassinato não saberiamos que era o mesmo homem ja que as marcas pessoais são divergentes em varios aspectos, os falecidos eram dois jovens na flor da idaide, foram presenteados por com margaridas brancas depositadas em suas bocas e os corpos deixados no jardim dos fundos, as duas cenas anteriores os corpos foram encontrados dentro da casa, por que ele arrastou suas vitimas para o jardim? Nosso homem parece ter requintado seus fetiches.
 Ele não me forneceu muito, não narrou-me os endereços, o cenário, nada, isso era perturbador, eu teria que esperar o material das investigações chegarem como o Sr. T havia me prometido, essa espera é que não me agradava mas não tinha escolha, comecei a ficar empolgado em estar trabalhando novamente, em fazer o que gostava e já não me importava tanto com os honorários... o que normalmente é um erro que cometo sempre!
 A voz do outro lado pigarreou, ouvi o som gutural de uma garganta já surrada pela doença, catarro sim, possivelmente um homem já de alguma idade mas sua voz ainda era firme, poderia ser um resfriado pesado mas ainda arrisco até hoje uma doença da idade.
 Após alguns segundos em silencio a voz volta me relatando mais um crime que acontecerá no dia 21 de Dezembro de 1998, dessa vez o relato foi mais técnico.
 -Senhor Kramer, em 21 de dezembro de 1998 um jovem casal, cada um aparentando entre 28 a 32 anos... “pigarro” Foi encontrado em seu apartamento, ambos com alto teor alcoolico no sangue, mas não foi isso que os matou, uma grande doze de veneno foi aplicada, tanta que suas veias ficaram negras e inchadas, o veneno foi aplicado enquanto dormiam presumo pois não a marcas de resistência, foi injetado diretamente em sua jugular. O casal passava férias no litoral e havia reservado o apartamento alguns meses atrás, recém casados ao que parece. Nosso homem deixou novamente sua assinatura, cada vitima tinha uma Cosmos em flor em sua boca, isso me intriga, não vejo razão para as flores, um florista assassino? O que me diz senhor Kramer? –Perguntou a voz já impaciente do outro lado da linha.
 Tinha algo que ainda não havíamos visto, tem algo faltando, a esse maldito material que não esta aqui, com ele eu teria um quadro completo e não só o relatório cantado por essa Cacatua velha do outro lado da linha, onde essas flores se encaixam? Pense Kramer, pense.
 Fui subitamente tirado de meus pensamentos pela voz no fone relatando mais um crime.
  - Novamente ele atacou, 21 de março deste ano Sr. Kramer, e é ai que ele assina seus documentos oficiais como um assassino em serie, novamente um casal, meia-idade, sem filhos, e ainda aqui em nosso Estado, exatamente como o primeiro crime, como soubemos que era ele o senhor deve estar se perguntando nesse momento. – E eu estava. – Novamente uma flor na boca das vitimas, dessa vez descrita como Jasmim dos Poetas, eu não consigo entender, pensei que a chave seriam as flores, as datas aparentemente serão as mesmas mas a flor mudou, tem algum significado nisso Sr. Kramer, meus detetives e investigadores não encontraram a ligação, preciso que encontre.
 Novamente eu estava vagando em meus pensamentos, tentando juntar as partes desse quebra-cabeças quando algo estranho aconteceu, as luzes de meu escritório começaram a piscar, todas estavam apagadas, somente a do banheiro estava ligada, levantei-me e tentei ir averiguar porem sabia que se pedisse para o homem do outro lado da linha aguardar ou retornar a ligação mais tarde eu teria jogado o caso pela janela, não abri minha boca, vasculhei com os olhos todas as tomadas que pudesse enxergar de onde eu estava, procurando um curto-circuito ou mesmo um filamento de fumaça vinda de algum fio velho, não vi nada.  As luzes assim como começaram a piscar pararam, a única que insistia em piscar pausadamente era a do meu abajurzinho de vidro verde com hastes douradas que usava para leitura de fichários em cima do arquivo de metal velho e empoeirado onde guardo meus casos e fontes, agora sabia onde estava o curto e poderia concerta-lo quando esse dialogo terminar.

 A voz do outro lado da linha disse:
 -Os arquivos dos casos serão mandados ao senhor amanha, por hora quero que saiba que acredito que o próximo assassinato será no dia 21 de Junho desse mês, o senhor não tem muito tempo então cancele seus outros compromissos e concentre-se nisso!
 -Sr. T, desculpe insistir na pergunta mas qual seu real interesse nesse assassino? (Senti que havia algo de pessoal entre o Sr. T e o criminoso, talvez fosse ele mesmo o assassino, por isso me pediu para não ter contato algum com a policia, talvez seria eu a próxima vitima). Estremeci, mas meus pensamentos foram cortados com uma simples frase ouvida no telefone. –Isso é assunto meu.  –E desligou...

 Senti uma sensação que a muito não sentirá, senti medo, senti que estava entrando na toca do coelho e EU não era Alice, talvez o próximo da lista fosse eu, preciso dos arquivos, todas as outras vitimas eram casais, eu sou sozinho, não... Eu estava ficando maluco pensei, precisava do meu velho companheiro agora, vasculhei com a mão a terceira gaveta do lado direito de minha escrivaninha atrás de conforto, e sempre o achava guardado em sua garrafa retangular, meu bom e velho amigo Jhon, Jhon Walker Black, meu inseparável whisky 12 anos.
 Pensava em diversas hipóteses sentado na minha velha poltrona e olhando fixamente para o nada, divagava entre cenários, motivos, paixões, por que tinha tanta curiosidade? Não sabia explicar mas estava com medo e excitado, servi-me de uma doze generosa do whisky em uma caneca de louça branca com uma estampa florida que já estava comigo desde que sai da policia, a roubei do capitão como uma brincadeira e nunca a devolvi, nem olhei para a caneca, eu divagava em pensamentos...
  -O abajur!
 Havia me esquecido do curto-circuito, levantei-me e fui até a porta onde ao lado estava o interruptor, liguei as luzes e fui até o abajur, sob sua luz piscante estavam alguns arquivos de casos que naquela hora me davam vergonha, investigações sobre roubos em supermercados, adultério, coisas estupidas desse gênero, puxei a delicada correntinha dourada do interruptor para desliga-lo mas não surtiu efeito, puxei novamente e ainda nada, peguei-o com uma das mãos levantando-o acima de meu rosto para ver debaixo do vidro verde onde estava a lâmpada... meu sangue congelou. Balançando como um pendulo estava a tomada na ponta do fio solto do pequeno abajur, não havia corrente elétrica passando por sua fiação, de supetão larguei-o e como um gato assustado saltei para tras chocando-me contra minha geladeira ricocheteando a pobre contra a parede, a guardiã de minhas contas vencidas soltou-se espalhando papeis por todo o chão, caveirinha safada, durante meses esteve presa a porta da geladeira e parecia estar com tanto medo quanto eu, fugindo de sua obrigação para salvar a própria pele... ou ossos.
 Não sabia o que fazer, estava apavorado, o que estava acontecendo? Eu estava confuso e minha mente estava um turbilhão de pensamentos, pensei nas vitimas do assassino, pensei ter visto um vulto e depois ouvir um barulho, pensei ter as costas afagada por uma mão invisível sem me dar conta que era meu suor gelado a escorrer, sai do apartamento como o cão foge da cruz, desci a escada já mais controlado mas ainda ofegava e só me vinha a cabeça que precisava de uma tragada, Deus eu já não fumava a anos, mas mesmo assim me pareceu o melhor a fazer no momento.
 Minutos depois no butiquim do meio da quadra eu já estava mais relaxado, fumei cerca de seis cigarros e já havia pedido a segunda cerveja, tinha algo de errado comigo, tinha algo de errado com aquele abajur, tinha algo de errado com todo aquele maldito dia, já era cerca de 8 da noite e eu não tinha coragem de subir para o escritório, que droga de homem sou eu por estar tão apavorado você deve estar se perguntando querido leitor. Eu era um homem que até pouco tempo era Cético e que agora estava borrado com a possibilidade de defuntos estarem depositando sua confiança de que eu iria vingar suas mortes ou algo assim, esse era eu naquele momento.
 Vi um homem parado a na soleira da minha porta na calçada, um homem vestido de preto, pensei ser uma aparição já que não o vi chegando mas minhas duvidas foram sanadas quando meu vizinho do fim do corredor passou por ele e o cumprimentou, não era um fantasma então, paguei minha conta e fui ao seu encontro.
 Passo-a-passo atravessei a rua, passo-a-passo fui me aproximando calma e serenamente da figura que mais parecia um Urubu todo de preto, subi o patamar do meio-fio e saquei meu molho de chaves do bolso escolhendo a chave da entrada.
 -Boa noite! Disse ao homem em minha porta.
 -Boa noite senhor Kramer. Retrucou o sujeito (Nessa hora voltei a suar frio, o diabo sabia meu nome, pensei).


Obs: eu editei com a cor cinza por que deu algum erro e metade do texto estava ficando preto mesmo sem eu selecionar nada, espero que de para ler.

Nos vemos no próximo post! 

 

No comments: